tag:blogger.com,1999:blog-87029542417352949602024-03-04T21:22:39.689-08:00Histórias de Além-Veu.Gosto de contar histórias, gosto de ler e ouvi-las também, mas sempre gostei mais de conta-las. Nesse blog, colocarei um dos projetos no qual estou trabalhando, e o chamo de "Além-Veu". Não escrevo porque tenho ambições com isso, sei que escrever é pra muito poucos e não me considero um desses. Escrevo por gostar, e espero que gostem.Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.comBlogger10125tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-63307532242176004632013-02-19T23:36:00.000-08:002013-02-19T18:36:58.326-08:00Cronologia.Uma breve nota sobre a cronologia dos capítulos do "Projeto Além-Véu"(Que, logo vai ter nome definido!)<br />
<br />
Primeiramente: Olá, queridos leitores! É muito bom saber que algumas pessoas estão seguindo fielmente minhas postagens e aguardando novo material fervorosamente. É muito bom saber que alguns(Poucos. Espero, realmente, que poucos <i>ainda.)</i><br />
<i><br /></i>
Segundo: Um <i>novo projeto</i> vem chegando! Fiquem de olho na página, e até aqui mesmo, no blog e logo saberão da novidade. É algo que eu sempre sonhei em ver. Algo que alguns amigos(e algumas pessoas que eu ainda não conheço!) tornaram possível. Espero que possam ficar tão felizes e instigados a ler e escrever quanto eu.<br />
<br />
E, finalmente, vamos à cronologia:<br />
<br />
Até agora venho postado capítulos que não possibilitaram que o leitor se confundisse. Os capítulos vieram, primeiro os de 'módulo' "I(1)", e então os de 'módulo' "II(2)": Mas o próximo capítulo que postarei será de 'módulo' "I", e mesmo assim vai <i>suceder</i> os capítulos <i>'Helena - I' e 'Suhsahna - I'.</i> Bem, sigo uma linha temporal que vai <i>pra frente(sim, no sentido de tempo. Em frente).</i> Mas os 'módulos' nem sempre seguirão um padrão lógico! Então, tomem cuidado para não interpretarem de maneira errada. A <a href="http://projetoalemveu.blogspot.com.br/p/capitulos.html" style="font-style: italic;">Ordem dos capítulos</a> será a <i>ordem cronológica: </i>mesmo que não pareça certo.<br />
Já adiantando uma informação sobre um dos próximos(pode ser como pode não ser <i>o próximo): </i>O próximo capítulo a ser postado, que ainda está a ser definido, é de 'módulo' "I". Então, lá vai a informação: Na ultima aparição de<i> </i>Helena(<i>II)</i> vemos que ela se encontra com Locke, e quando escrevi o que se sucedia isso(temporalmente), narrei na perspectiva do Locke. Fazendo com que a ordem fique assim(caso eu decida que <i>Locke - I </i>será a próxima postagem):<br />
<br />
Xófeus - I;<br />
Helena - I;<br />
Suhsahna - I;<br />
Clarisse - I;<br />
Helena - II;<br />
Suhsahna - II;<br />
<i>Locke - I;</i><br />
<i><br /></i>
Como puderam ver, um capítulo de 'módulo' "I" <i>sucedeu </i>um de 'módulo' "II". O livro segue uma linha lógica de tempo. Não importando os 'módulos' impostos em cada capítulo. Concluindo, o que acontece no primeiro capítulo de Locke se passa <i>exatamente após(</i>No caso, o <b>após</b> é o interessante) ao segundo capítulo da Helena.<br />
<br />
Um abraço a todos. Atenciosamente grato, Miguel Bernardi.<br />
<br />Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-30063761757394804702013-02-16T17:06:00.000-08:002013-02-16T11:18:47.340-08:00Suhsahna - II <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Suhsahna
não se lembrava de como havia chegado naquela cela e nem por que estava ali.
Não saberia dizer se era dia ou se era noite, e não tinha qualquer palpite
sobre o que tinha se passado desde que acordou pela ultima vez em ser quarto na
torre sul do Véu. Ela se lembrava vagamente de ter se vestido com o vestido de
cor esmeralda que usava, e também de ter saído de seu quarto e descido os vinte
degraus que a levaram para o corredor que levava para o pátio de entrada do
castelo do Intocado. Conseguia afirmar que viu Hugh morto, com uma adaga
cravada ao peito. <i>E a gargalhada...</i></span><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>A ultima coisa que ouviu foi
a gargalhada, e quando se virou não conseguiu ver a face de seu atacante. <i>Embora eu tenha certeza que é aquele
meio-irmão de Xófeus. </i>Depois disso, tinha acordado numa cela escura e sem
janelas e uma única porta feita de ferro numa das paredes. A magia de Suhsahna
não funcionava naquela sala. A cela era feita de pedras cinzentas em forma
retangular, exatamente como as pedras que construíam o castelo do Intocado e
praticamente todas as grandes construções no continente de Trovergo. Cinzetta,
era como chamavam aquela pedra. Era dura e resistente como metal, mas
muitíssimo mais leve. Na sala havia uma cama e uma cadeira, um grande tapete
vermelho cobria o chão totalmente, enquanto alguns estandartes da mesma cor
cobriam partes da parede. Num dos cantos havia também uma latrina.</span></div>
<a name='more'></a><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Os dias
se passavam sem que Suhsahna soubesse. A única forma que tinha para saber
quanto tempo se passava eram as horas das refeições, que eram sempre a mesmas
coisas (Um ensopado de peixe com legumes que as vezes vinha acompanhado de ovos
cozidos ou fritos. E para beber, água). Suhsahna supunha que a cada duas refeições
se passava um dia, e a cada seis refeições, alguém encapuzado vinha e limpava a
latrina magicamente. E passados alguns dias, embora ela não soubesse exatamente
quantos, foram enviadas algumas roupas limpas. As roupas eram feitas de algodão
e bastante confortáveis, o que era estranho. <i>Geralmente quando te capturam, não tomam todas essas providências. </i>Suhsahna
estava surpresa por não ter sido estuprada, morta ou torturada, mas era grata
por isso.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Virou
rotina acordar, esperar a refeição
seguinte chegar, comer e voltar a dormir. Rezava aos deuses para que eles a
ajudassem. As vezes, enquanto dormia, Suhsahna desejava estar em um sonho ruim
e acordar no Véu. No Vale do Intocado. Mas os deuses não ajudavam mortais antes
da morte, para obter o suporte divino, era preciso estar morto. Suhsahna pensou
em se matar depois de passados mais alguns dias, e seu captor pareceu ler sua
mente. <i>Zirdul é a pessoa que chegou mais
longe na telepatia, ele estudou os mistérios da mente e da tortura a fundo. </i>A
cada dia que passava, a certeza sobre o nome de seu captor ficava mais forte, e
a vontade dela de viver ficava mais fraca.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Num
desses dias, quando a refeição foi trazida por uma pessoa que usava uma máscara
de madeira, Suhsahna tentou obter alguma informação. Já não agüentava mais o
silêncio contínuo que a enlouquecia.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Por
favor, senhor. Ou senhora. Por favor. Onde estou? – Não obteve nenhuma
resposta. Mas continuou perguntando. Quando o sujeito mascarado deixou a
bandeja de comida por cima da cama e começou a se mover em direção a porta, Suhsahna
agarrou a jarra de metal e jogou-a no sujeito. A jarra o atravessou e caiu
bateu na parede, do outro lado. A porta se abriu e o sujeito se foi. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Suhsahna
sentou-se na cama e chorou. Estava cansada daquilo. Queria saber o que estava acontecendo,
queria sair dali. O pior não era ficar presa. <i>O que eu não suporto é ficar sem informações sobre nada. </i>Lembrou-se
de Xófeus, preso naquela estátua, já se tinham passado cinco anos. Chorou mais,
então, imaginando a perspectiva de ficar ali por cinco anos. A próxima refeição
não veio no tempo em que vinha usualmente. <i>Foi
por eu ter jogado a jarra naquele espectro. </i>E, naquele dia, em vez de ter
recebido duas refeições, recebeu uma. Não voltou a atirar a jarra ou qualquer
coisa nos espectros que a serviam.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Pareceu
acostumar-se com a monótona cela na qual passou a viver. E, depois disso, não
demorou mais que três refeições para que seu captor viesse vê-la. Era Zirdul,
estava vestido em trapos não de cor cinza, mas de cor branca. Ele tinha seu
cabelo branco incrivelmente liso, e sua barba tão lisa quanto. <i>É o cabelo de Murky. O mesmo cabelo que
Xófeus tem. Esse um pode ser bastardo, mas herdou algumas características do
pai. </i>Não podia se dizer muito sobre Zirdul. Mas o pouco que se dizia sobre
ele, é que era baixo. Em dois sentidos: Primeiro, o sujeito não tinha mais de
um metro e meio de altura. E, segundo, ele nunca foi conhecido por jogar limpo.
<i>O assassino de Iggard.</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Suhsahna
olhou-o nos olhos, e ele retribuiu. Seus olhos eram de uma cor cinza quase
inexistente. Eram praticamente brancos. Ele parecia um fantasma vestido em seus
trapos brancos, tinha a pele tão pálida quanto à roupa e os olhos. Com um
balançar de uma das mãos, a porta se fechou detrás dele enquanto adentrava a
sala. Deitada na cama, continuou a olhá-lo, então se sentou e não disse nada.
Os pés descalços e pálidos se arrastavam pelo tapete fazendo um som contínuo,
até que parou. O silêncio se manteve por um tempo, então Zirdul quebrou-o:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Senhora
Suhsahna. Bastarda de Zucko com uma portadora do sangue de Iggard. – Sentiu-se
confusa, nunca soube quem tinham sido seu pai e sua mãe, mas essa possibilidade
era loucura. – Você detém de sangue antigo de ambos os lados. Sangue do Véu e
sangue de Além. O líquido que corre nas suas veias é mais antigo do que eu
ousaria dizer. Descende diretamente dos primeiros habitantes de Yurth’Hur. Da
Mãe.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> <i>O sujeito realmente é louco. Maluco.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>- Sei que me acha maluco. –<i> Ainda assim, é um maluco genial. E
incrivelmente forte, esse bastardo. –</i> Não me xingue de bastardo, Senhora.
Você também é uma. Filha de duas traições. Filha de duas linhagens
poderosíssimas. Eu quero seu sangue, sua puta. Prometo que não vai doer. A
morte não dói.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> <i>Não.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>Zirdul sacou uma adaga de
pedra e pôs-se a mover em direção a cama onde Suhsahna estava sentada. Tentou
se mover, mas o pequeno e pálido homem havia a paralisado com magia. Suhsahna
gritou.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Não grite.
Porra. Eu disse que não iria doer. – Zirdul riu e continuou a avançar. Suhsahna
gritou novamente, mas nenhum som saiu. <i>Ele
calou minha boca com mágica.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>Não soube o que fazer, e
então se viu chorando novamente, enquanto a lâmina de pedra ia sendo passada
pelo seu braço. Viu seu sangue escorrendo, e Zirdul guardando a adaga num
recipiente de vidro. Tudo ficou negro, então.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Suhsahna
acordou na mesma cela em que estava. Não sabia se havia sonhado ou não. Não se
lembrava do que era real, e do que não era real. Assustada, levantou da cama e
abriu os olhos...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Viu
Zirdul ali, parado, vestido em branco e com a adaga embainhada em sua cintura.
Olhou seu próprio braço, e não havia corte algum. Concluiu, por um momento, que
aquilo foi um sonho. <i>Mas, e se estou em
um sonho agora, e aquilo foi real? </i>Dessa vez, ela se levantou, ficando em
pé com dificuldade. O homenzinho não desembainhou a adaga, deixou-a lá mesmo,
onde estava. Apenas sorriu. Era um sorriso de malícia, um sorriso que dava medo
e arrepios, ainda mais se quem via a expressão sorridente naquela face pálida
soubesse o que ele era capaz de fazer.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Você
é uma bastarda. Uma filha de uma puta e de um traidor. Mas é uma bastarda muito
bonita. Com um corpo muito bonito.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> <i>Não...</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Sentiu-se
paralisada, novamente, e sentiu suas roupas se rasgando. Primeiro, deixando
seus seios à mostra. Depois, deixando-a apenas com a calçinha que usava.
Suhsahna virou-se em direção a cama e andou até lá, deitou-se e sentiu as
pernas se abrirem. Zirdul riu, gargalhou. Então, olhou-a, apreciando-a. As
roupas brancas do bastardo começaram a ser tiradas por ele mesmo enquanto
caminhava em direção a Suhsahna.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Pela
primeira vez, Suhsahna realmente desejou estar morta. Lágrimas escorreram de
seus olhos, e então fechou-os.</span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-74548449009324913292013-02-16T13:35:00.000-08:002013-02-16T07:36:55.645-08:00Helena - II<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Helena
acordou e desejou voltar a dormir. Sabia que dia era aquele, e ela o tentava
adiar. Levantou-se da cama demasiadamente grande e confortável de seu quarto, e
vestiu-se. Rapidamente um dos meninos que treinava em Forte do Mar-Livre lhe
trouxe seu café da manha e foi-se tão repentinamente o quanto tinha chegado.
Era um menino magricela que não chegou a ver Helena, que estava na varanda de
seus aposentos, localizado no terceiro nível do Forte do Mar-Livre.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> A vista
que se tinha era deslumbrante: Conseguia-se ver o Grande Rio Yerto, se
dividindo em várias ramificações que se dividiam em mais ramificações, e
algumas dessas terminarem no Mar-Livre; Conseguia ver toda a parte frontal do
vale, via alguns jovens sendo instruídos em magias antigas num dos muitos
jardins que existiam nas proximidades. Fenkir, que era o professor, tentava
ensiná-los a reanimarem corpos depois de desmaiados. O professor desmaiou um
dos alunos, para demonstração, e então o reanimou facilmente. O instrutor
começou a falar, e os instruídos ouviam atentamente. Helena não o ouvia, mas
sabia o que ele estava dizendo. Lembrava-se, ainda, das vezes que seu pai
adotivo a ensinava. “Para reanimar um corpo desmaiado, é preciso transmiti-lo
parte da própria energia, doá-la. E manter o fluxo enquanto a magia acontece,
depois disso ser feito o fluxo de energia pode ser interrompido”. O antigo
Senhor Capitão Velir foi o melhor professor que teve, não só para magia, mas
como para a vida. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Os
jovens puseram-se a trabalhar, em dupla, um desmaiava o parceiro e tentava o
reanimar após isso. Depois de alguns minutos, um menino de cabelo verde escuro
que trajava uma saia e uma proteção de couro no peito obteve sucesso, para
deleite de Fenkir. <i>Ele realmente aprende
rápido, esse Rupert.</i> O menino magricela tinha olhos verdes e um rosto suave. Tinha pele um pouco mais
escura que pálida, e um pouco mais clara que morena. Era o aluno mais avançado
no Forte do Mar-Livre, e tinha apenas dezessete anos, enquanto alguns da mesma
turma já tinham passado dos vinte e cinco. Havia chegado a Vertaro há doze
anos, entregue para Lerrino Goss Velir por um homem estranho com o rosto
encoberto por um capuz que não foi mais visto depois disso. Tudo o que se tinha
de informação sobre o menino era que ele havia perdido os pais. Não se soube
como, quando ou por que. Tudo o que o garoto, que na época tinha cabelo preto,
liso e escorrido, se lembrava era seu nome. Rupert.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"></span></div>
<a name='more'></a><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Helena
deixou a varanda lentamente, não queria sair dali. Sentou-se na cama em que
havia dormido e olhou o café. Dois ovos fritos, duas fatias de pão frito com
manteiga, um bife de peixe assado e uma jarra de suco de maça. Comeu um ovo, as
duas fatias de pão e o bife e bebeu duas taças do suco. Esperou mais um tempo,
sentada na cama, enquanto lia um livro antigo que contava a história dos deuses
de Yurth’Hur. O<i>s</i> <i>Deuses de Além Tudo</i>, do sacerdote Vegar Junti Velir. Vegar era
irmão do tataravô de Lerrino Goss Velir, que não havia gerado filhos por ser um
sacerdote que servia somente aos deuses. Na descrição de Vegar, os deuses não
eram mais do que pura energia, e estavam em todos os lugares ao mesmo tempo,
apenas observando, neutros. Não tomavam partido sobre seres menores. Eles eram
tudo e não faziam nada em relação à vida. “Os deuses começam a agir sobre um
ser menor depois da hora de sua morte, levando-o para as Terras de Além-Vida.
Acolhendo-os em sua morada e transformando-os em seres puros e sem malícias”,
dizia um dos capítulos do livro, com nome de “Yurth’Hur Ka Gurth”, onde ‘Ka’
significa ‘Vale’ no idioma antigo de Yurth’Hur, e ‘Gurth’ significa ‘Divino’. <i>Yurth’Hur, o vale divino.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>Deixou o livro de lado e
saiu de seu quarto, rumando em direção ao pátio principal de Mar-Livre, andava
lentamente, admirando as paisagens no caminho. Pôde ver o mesmo jardim onde Fenkir
treinava seus aprendizes, mas já não havia ninguém no jardim. <i>Por quanto tempo eu fiquei lendo? </i>Perguntou-se
Helena, apressando um pouco o passo. Quando passou por uma ponte que ligava a
parte lesta do Forte à parte sul, percebeu que o dia estava frio. Um vento
forte soprava da costa em direção á Vertaro e nuvens começavam a ganhar espaço
lentamente. <i>Uma tempestade nos aguarda.</i>
Atravessou a ponte e chegou ao pátio, mas não o adentrou, um grupo de pessoas
que Helena não conhecia prendeu sua atenção por um tempo. <i>Pessoas estranhas, mas usam trajes de Vertaro.</i> Passou pelo pátio,
ainda pensando em quem seria aquele estranho grupo do lado de fora.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Andou
um pouco mais antes de passar pelo Grande Salão, que era usado apenas para
treinamento em batalha avançada. As paredes do salão eram fortes e grossas e
protegidas por alguns encantamentos para que não fossem quebradas, cinzentas e
feias, as pedras estavam lá desde que Forte-Mar existia. Ouviu algumas vozes
vindas da grande estrutura de pedra cinzenta, algumas gritavam com raiva. <i>Mas que merda esta acontecendo? </i>Atravessou
as grandes portas feitas de madeira, com altura de três metros e espessura de
trinta centímetros.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Lá
dentro, encontrou Fenkir, o professor. Encontrou Luky, seu co-capitão, e metade
de sua guarda pessoal. E vários rostos que não conhecia... Helena passou os
olhos pela sala, ninguém há havia notado, até então. E num dos cantos da sala
ela o encontrou...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> <i>Locke.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>O sujeito havia perdido um
dos olhos, e no lugar ganhara uma cicatriz. Parecia ter envelhecido vinte anos
desde que o tinha visto pela ultima vez, no Véu, depois que a guerra dos cinco
teve seu fim. O sujeito estava mais medonho do que era, e já começava a ter
alguns fios brancos na cabeça. <i>Mesmo os
imortais ficam velhos, e param de envelhecer quando estão em seu ápice. Se
Locke ainda não chegou em seu ápice, então... </i>O olho preto do homem olhava
a discussão, inaudível, com calma. Ao lado do homem, estava um sujeito
encorpado que se vestia em trapos iguais aos de Locke, só então Helena prestou
mais atenção em suas roupas. Eram nada mais que trapos, rasgados em algumas
partes, e com grandes capuzes para cobrir-lhes o rosto. Ao contrário de Locke,
o segundo sujeito tinha o rosto mais bonito que ela já tinha visto. <i>Esse aí já deve ter partido o coração de
várias donzelas estúpidas. </i>Tinha cabelos prateados e grandes lábios
rosados. Olhos tão cinzentos quanto a tempestade que se aproximava e nenhuma
imperfeição no rosto. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Helena
olhou-o por certo tempo, então voltou ao presente e tentou ouvir, sem sucesso,
o que os gritos diziam. Foi então que Locke a viu, e deu um passo, depois outro
e o seguinte. Chegou numa plataforma aos fundos do salão e pediu silêncio, e o
silêncio não veio. Ele decidiu, então, tomar uma abordagem mais prática. Helena
percebeu pouco antes de aconteceu, e formou um escudo em volta de si mesmo. <i>A aparência mudou, as atitudes, não.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>O homem sem um olho pegou a
espada que tinha em sua bainha e a desembainhou, bateu com a ponta afiada no
chão, formando uma onda de vento que fez com que todos na sala, exceto Helena e
os dois homens vestidos em trapos, se balançassem. Alguns caíram no chão. E
então, Locke falou:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> -Obrigado
pelo silêncio de todos. Olá, Senhora Capitã Velir, é bom vê-la. Esses filhos
das putas não deixaram que eu fosse até seus aposentos, e também se recusaram a
te chamar. Seu co-Capitão, amaldiçoado seja, disse que eu não poderia me
comunicar com você hoje e nem nos próximos dias. – Locke falava sério, mas
queria rir, Helena percebeu. <i>Se o
fizessem esperar mais pra falar comigo, creio que alguns nessa sala estariam
desmaiados. – </i>Senhorita Velir, podemos nos falar a sós? Isso é, nós dois e
esse outro aqui, pode chamá-lo de Peter. É um bastardo, então, só Peter.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Todos
olhavam em direção a Helena, obviamente os dois homens recusaram-se a fornecer
qualquer informação aos moradores do Forte do Mar-Livre que os impediam de
falar com Helena. Fenkir, o professor, fazia um sinal negativo com a cabeça.
Luky, seu co-Capitão, estava ainda com raiva de Locke. Peter, o sujeito do
rosto bonito, cumprimentou Helena com um balançar da cabeça. <i>Não posso ceder tão facilmente. Não na
frente dos oficiais de Forte do Mar-Livre. E não gosto desses sujeitos que não
conheço, mesmo sendo eles parceiros de Locke. </i>Olhou para todos que a
olhava, e então, decidiu que não deveria privar seus irmãos de informações.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Se
quer falar comigo, Senhor, pode falar aqui. Na frente de todos. –Luky sorriu,
Fenkir fez um sinal de aprovação. Os outros oficiais do Forte fizeram barulho
em aprovação. – Poderá falar comigo a sós, mas quero saber do que se trata, e
não acho correto privar meus irmãos da informação que quer me passar. Senhor.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Locke
sorriu.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Você
realmente se parece com Lerrino. Pois bem. Temo que alguns aqui não deveriam
ouvir o que tenho a dizer, não ainda. É um assunto altamente importante. Remete
a antigas guerras, antigos inimigos. Inimigos não tão antigos, Velir. Mas, se
realmente quer, nos falaremos aqui mesmo. Primeiramente, Hugh está morto.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Fez-se
silêncio. Alguns ali não sabiam quem era Hugh e ficaram confusos. Os que sabiam
quem era Hugh ficaram pálidos. Alguns comemoraram, porque sabiam que Hugh era
um traidor. <i>Hugh está morto? Mas que
desgraça é essa? E, como Locke sabe disso? </i>O homem fez menção de recomeçar
a falar. Helena o parou.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> -
Convenceu-me, bastardo. Venha comigo. – Locke começou a descer da plataforma,
sorrindo. <i>Vitória, ele deve estar
pensando.</i> – Vamos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Luky
adiantou-se, parou na frente de Helena, e começou a falar:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> -Mas,
Capitã, e seu compromisso no Véu? Não sei se lembra, mas o conselho de reúne
hoje. Senhora. – Luky claramente não tinha feito realmente nenhuma afeição por
Locke. Helena o ignorou.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> -
Venha, Locke. Peter. – Helena saiu pela mesma porta que tinha entrado, e fez o
mesmo caminho que tinha feito minutos atrás. Em seus aposentos, Locke reportou
algumas informações que realmente não poderiam ir á publico. Helena estremeceu
com a ultima delas.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> </span><i><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Então, Xófeus vive...</span><o:p></o:p></i></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-49672154984141051542013-02-15T22:00:00.000-08:002013-02-15T17:15:05.612-08:00Clarisse - I <span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Xófeus
estava sentado numa das extremidades de uma longa mesa de madeira com lugar
parar vinte pessoas, mas apenas oito ocupavam a mesa no momento: O próprio
Xófeus, imponente numa túnica de tecido vermelho, com partes pretas e algumas
partes brancas. Lorath, um espectro das terras de sempre-noite, mas que estava
em forma humana. Galea, belíssima em um vestido longo com cor de safira, que
combinavam com seus olhos. Peter, que estava vestido de forma bem simples, como
um mero camponês das terras de Vertago. A própria Clarisse, que tinha
deixado o longo cabelo de cor cinza solto, e que usava uma túnica como a de
Xófeus, mas em cores diferentes: Vermelho, azul e lilás. Zirdul, o meio-irmão
de Xófeus que, como sempre, vestia trapos de cor cinza. Verdana, com uma túnica
totalmente preta que fazia contraste com sua pele extremamente pálida. E por
fim, Hugh, que usava uma calça azul escuro e uma blusa de lã de cor bege. <i>Hugh ainda não se acostumou com o frio de
Rardinia, </i>pensou Clarisse enquanto todos, inclusive ela, olhavam Galea.</span><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Xófeus
já havia despachado alguns generais para algumas localidades menos importantes:
A Ilha de Yurth’Hur(A deusa), a Fortaleza de Kna’Ma’Ka, as Ilhas do Graveto, e
mais algumas ilhas nos continentes de Trovergo, Ferulum e o Velho Continente
dos Homens. A guerra começaria assim que todas as terras necessárias fossem
obtidas pelo singelo poderio que se encontrava no subterrâneo da Ilha de
Rardinia, esse poderio era formado por pouco mais de três mil homens,
quinhentos espectros de sempre-noite, duzentos que residiam no subterrâneo de
Kna’Ma’Ka e mil e setecentos demônios que habitavam as terras perdidas de
Jorath. Os espectros de Kna’Ma’Ka já estava marchando em direção ao extremo
norte de Vertago. Mury Maz Zir, uma das capitãs de Xófeus, marchava ao extremo
sul de Vertago. Sobre Galea fora imposta a tarefa de atacar Vertago no
Castelo-de-Velir, onde a maior força daquele bloco de terra estava. <i>É uma tarefa difícil, até para mim ou Hugh,
é uma tarefa difícil.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>Clarisse e Hugh eram os
principais capitães de Xófeus. Zirdul era tão forte quanto seu irmão, e isso
fazia dele um igual aos olhos do Senhor Comandante do exército que iria marchar
para tomar os reinos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Seria
uma tarefa difícil. Cinco anos atrás, não conseguiram tomar os reinos com
Setenta e três mil combatentes ao lado, fazer isso com menos de quatro mil
parecia impossível... <i>Mas, o plano... Com
esse plano, há uma chance. É arriscado, mas há uma chance...<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>- Senhor, não sei se sou
pronta para essa tarefa. Atacar as forças Castelo-de-Velir em campo aberto e
vencer é praticamente impossível, o castelo nunca foi tomado, senhor. – A
expressão de Galea era de medo. <i>Ainda
assim, ela tem coragem de admitir que teme não realizar a tarefa imposta por
seu mestre...</i> – Quase todos que marcharem comigo vão morrer, alguns vão
correr, e isso vai diminuir nossas forças. Precisamos de uma distração...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Uma
distração, certo? Querida Galea, e se eu te dissesse que você é a distração? –
Xófeus sorriu. Um sorriso com nada de alegria ou calor, seu sorriso era frio. –
Vai colocar seus homens em batalha e atacar o maldito castelo, e se morrer,
morrerá lutando. É mais do que se pode desejar. Uma morte limpa e sem dor. –
Xófeus não temia a morte. <i>Ele já beijou a
morte nos lábios... E voltou. </i>– Morra em batalha, senhora, ou morrerá aqui.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> A
mulher com o longo vestido de cor safira se levantou, pálida, e saiu da sala.
Nesse momento Clarisse soube que ela iria atacar. <i>Bem, mais um, então.</i> <i>E,
agora, as coisas ficam interessantes...</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i></i></span></div>
<a name='more'></a><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i><br /></i></span>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Xófeus ordenou
que Lorath, Peter e Verdana descessem toda a costa de Vertaro e as ilhas
próximas, e queimassem toda floresta que protegia o vale. E também que
destruíssem as Pontes-U, no Véu. <i>Tenos
matou mais de trezentos homens naquelas pontes malditas. O filho da puta matou
meu irmão. </i>Destruir essas pontes era inteligente, elas eram
o único contato por terra que a parte sul do Véu tinha com a parte
norte. O Véu era constituído de duas ilhas maiores, divididas por água, e também
cinco ilhas minúsculas entre essa divisão de Água, e ali foram construídas as
Pontes-U. Tinham esse nome porque o conjunto das pontas formava a letra U, mas
de ponta-cabeça. Os três aceitaram a tarefa, e saíram.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Para
Hugh, a tarefa era invadir o Véu pelas três filhas de Shaya. As três filhas
eram três montanhas que foram nomeadas em Homenagem a Shaya, que morreu na
Guerra dos Cinco. <i>Eu matei-a, vinguei-me.
</i>A menor montanha era chamada de Judith, a menor filha. As duas maiores eram
chamadas de Roselena e Talilak. Uma vez que ele tivesse entrado no Véu, pelas
filhas, ele deveria atacar a Fortaleza-Véu, que ficava a norte das Pontes-U.
“Que a esse ponto já deverão estar queimadas”, disse Xófeus. E então, Hugh se
foi.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Para
Clarisse, foi dada a tarefa de tomar cada um dos treze fortes de Vertaro,
começando pelo Forte do Mar-Livre. <i>Forte
do Mar-Livre é onde aquela filha adotiva do antigo capitão Valir reside.
Lerrino Goss Velir, eu não pude te matar, mas matarei sua filha... </i>Lerrino
havia matado a mãe de Clarisse numa batalha que aconteceu no Forte do
Mar-Livre. <i>Vingarei você, mãe, no mesmo
lugar em que morreu. </i>Depois que Genya morreu, Zirdul matou o capitão Velir.
Helena viu seu pai morrer, assim como Clarisse viu a mãe morrer. Mas Clarisse
desejava vingança pelas próprias mãos. <i>As
únicas pessoas que Zirdul ama além de seu irmão, era minha mãe. Ele ainda a
ama, mesmo ela tendo partido...</i> Clarisse sentia saudade da mãe, e de um pai
que nunca teve. Zirdul tomou-a como protegida depois da batalha, pelo amor que
tinha por sua mãe, mas nunca realmente a amou como tinha amado Genya.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Mas,
quando Xófeus escapou de suas correntes, tomou-a como filha. A coisa mais
próxima que Clarisse tinha de um pai era Xófeus. E considerava Zirdul como um
tio.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Aceitou
a tarefa de tomar os fortes de Vertaro, fez uma reverência, e tomou direção á
porta da sala onde estavam.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> -
Volte, Clarisse. Quero que você fique. Precisa saber para onde Zirdul vai
marchar, e para onde <b>eu </b>marcharei. –
Clarisse ficou surpresa. O senhor da Morte iria marchar, ao invés de apenas
mover suas peças. Sentou-se e olhou seu mestre. – Eu vou para Mata de
Solás-Véu, não posso revelar o que vou fazer, nem mesmo para vocês.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Houve
uma pausa...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> -... E Zirdul
marcha até os escudos... </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Mais
uma pausa...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Mas,
antes disso, ele passará no Véu para recuperar uma velha amiga... Aquela, das
esmeraldas...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Mais
uma pausa. Mas Clarisse já tinha entendido tudo nesse ponto.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> <i>Suhsahna. A filha bastarda de Zucko.</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Ninguém
vivo, a não ser os três que estavam naquela sala, sabia que Suhsahna detinha do
sangue de Zucko. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Uma
vez que estiver nos escudos, com a bastarda, Zirdul vai nos esperar... E então,
atacamos Além-Véu.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Mas,
qual a importância da bastarda..? – Perguntou Clarisse, e a resposta lhe veio
de súbito.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> <i>Sangue antigo circula o corpo da bastarda.
Sangue de Zucko e sangue Iggard. </i>Clarisse sorriu. Xófeus Sorriu. Zirdul
gargalhou.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Sim,
Clarisse. Sangue. – Disse Xófeus. E então, um alarme soou, ouviram gritos
vindos de um corredor, um andar abaixo do qual estavam.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Correram
da sala, os três. E encontraram Hugh tentando fugir com um grupo de detentos do
Véu, Além-Véu e d’Os Escudos. Mataram quase todos, deixaram Hugh e duas
mulheres vivas, a pedido de Xófeus. Uma adulta, e uma adolescente. Na confusão
da batalha, Xófeus quase foi esfaqueado por Hugh nas costas. <i>Salvei-o no momento exato. Não fosse por
mim, estaria morto, senhor da Morte. </i>Levaram os três vivos para uma sala
mal iluminada, Clarisse e Zirdul saíram da sala, deixando apenas Morte e os
três na sala, e mais três servos de Xófeus. Um desceu com um archote. Clarisse
e Zirdul deixaram a sala, e esperaram onde o conselho estava ocorrendo. Ficaram
lá por um tempo e nada aconteceu. E então, ouviu-se um grito cortante. De pura
raiva...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> ... Era
Xófeus...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> ... Ao
chegarem à sala, Hugh estava morto, com uma adaga no peito. As duas mulheres,
os três servos e mais um que havia chegado depois estavam mortos, com
queimaduras pelo corpo todo. E Xófeus estava sentado numa grande cadeira de
pedra, respirando ofegante. Ele estava com raiva.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> -
Mudança de plano, senhores. Eu vou marchar sobre o Véu, e vou destruir cada
maldito pedaço de pedra naquela maldita terra. Hugh era um espião. Um filho da
puta de um traidor. Estava tentando fugir com os prisioneiros que seqüestramos
quatro anos atrás. Lembram-se disso? – Xófeus perguntou. Ele falava rapidamente
e só então parou pra respirar. – Vocês dois estavam juntos. Nesse dia. Nesse
dia que eu acordei. Eu confiei no Rartig, e ele me traiu. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Xófeus
se levantou.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Eu
não pretendia matar os habitantes do Véu que quisessem me prestar vassalagem.
Faria deles servos. <i>– Escravos,</i>
pensou Clarisse<i>.</i> – Agora, pretendo
matar cada filho da puta que ousar se opuser á mim. Desde Kna’Ma’Ka, até Além
Véu. De Vertigo, até Trovergo.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> <i>Agora as coisas ficaram mais
interessantes... </i>Pensou Clarisse, sem conseguir dizer nada. Zirdul
gargalhou, fez uma reverência, e disse:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Vou
pegar a bastarda. – Disse, e virou-se... Então Xófeus respondeu.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Sim,
você vai pegar a bastarda. Mas antes, toque o caos onde quiser. E me entregue
uma mensagem... Envie uma mensagem para cada Forte, Fortaleza ou Castelo nas
terras de Trovergo, Vertigo e Gutaro. Uma mensagem bem simples, ‘preparem-se’,
e certifique-se de ser criativo para entregar as mensagens. – Terminou de
falar. Não sorriu e não expressou nada que não fosse raiva. <i>Eu nunca o vi assim. Ele claramente odeia
ser traído. Era a segunda vez que isso aconteceu ao Senhor da Morte.</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Xófeus
desapareceu, sugando toda a luz da sala, numa nuvem de sombra.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Zirdul
pegou um dos corpos de algum dos servos que seguravam archotes e fez o morto se
levantar. Clarisse se espantou. <i>Além de
dominar as magias de controle da mente, tortura e ilusões, ele é um necromante.</i>
Tocando a testa do morto com o dedo indicador da mão esquerda, plantou uma mancha
azul na testa do morto-vivo, e então conjurou um pedaço de pergaminho. Escreveu
algo que Clarisse não pôde ver e colocou- no bolso da túnica do homem amaldiçoado
com a mancha azul na testa, a mancha se espalhava lentamente...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Tocou-o
na testa, novamente, dessa vez com a mão inteira. E então o homem desapareceu.
Clarisse viu, pela segunda vez no dia, a luminosidade da sala desaparecer.
Poucos dominavam esse feitiço, de se transformar em sobras e reaparecer na
forma humana em outro lugar. O pequeno homem vestido de cinza respirou
ofegante. <i>Essas magias o deixaram cansado</i>.
Descansou, por alguns segundos, e agarrou-se ao corpo de Hugh. E, pela terceira
vez naquele dia, a luminosidade da sala foi envolvida por sombras.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Clarisse
estava sozinha na sala, e pôde olhar melhor os cadáveres. Reconheceu, então, a
mulher e a filha de Hugh... A mulher havia sentido a adaga na mão, a mesma
adaga que se encontrava no peito de Hugh. <i>Então,
Xófeus perdeu um de seus generais... Perdeu seu único amigo.</i> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Queimou
os corpos que se encontravam ali, e depois de alguns minutos, saiu da sala e
andou pelos longos corredores subterrâneos daquela caverna que se encontrava em
Rardinia. Eram todos construídos em mármore negro, tinham certa beleza não
muito comum. Uma beleza terrível, e refletia parcialmente a iluminação gerada
pelos archotes... Fez uma curva para a direita, depois de estar andando por
certo tempo. Viu um espectro passando, transparente, e parou para olhá-lo...</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> <i>Não posso sentir a presença deste um. Mesmo
sendo um espectro, deveria sentir a presença de sua memória, há algo errado...<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>Ouviu passos, e ficou atenta.
<i>Espectros não produzem som, exceto quando
falam.</i> Uma pessoa se aproximava em direção oposta á que Clarisse andava.
Uma pessoa se aproximava em direção á que Clarisse andava. Estava cercada num corredor
estreito. Viu a pessoa na sua frente primeiro, e então a atacou. Lançou um
projétil de gelo em direção ao monte de trapos que se movimentava, obviamente a
pessoa não queria ser identificada. O projétil foi defendido, e nisso o
espectro enfraqueceu. <i>Uma ilusão. Uma
distração.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>Atacou o monte de trapos
novamente, com um projétil maior, e de fogo. Foi desviado de lado, e a vítima
atacou, então. Clarisse espantou-se com a força do ataque, e a dificuldade que
teve para livrar-se dele. Chicotes de fogo formaram-se no ar, e começaram a se
fechar em volta do alvo que atacava. Livrou-se do ataque com uma bolha que
formou em volta de si mesma, eliminando todo o ar dali de dentro. <i>Sem ar, sem fogo. É um dos antigos
mistérios. </i>Por um momento, Clarisse se lembrou da pessoa que estava vindo
pelo outro lado. Virou, e tudo que pode ver foi uma adaga penetrando sua
barriga, então uma espada, vinda de trás. Então, não sentiu mais nada, apenas
caiu com seu próprio peso. A ultima coisa que viu foi a face do segundo
atacante. <i>Que rosto lindo</i>, pensou.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Seu
ultimo pensamento. Não conseguiu dizer nada, e então morreu no chão frio de
mármore negro.</span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-87760421125294136672013-02-13T14:09:00.001-08:002013-02-15T18:56:14.904-08:00Suhsahna - I<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> O céu estava nublado e calmo. Tinha um tom escuro de profundo azul que junto das nuvens, cobria tudo, numa beleza atípica para as terras do Véu. O sol havia nascido tímido, encoberto pelas nuvens, e o escuro azul no céu começava a clarear a medida que o sol ganhava espaço naquela imensidão. O dia estava agradável, como sempre eram no castelo do Intocado. Suhsahna havia acordado não sabia a quanto tempo exatamente, o que se poderia dizer com certeza é que ela havia dormido mal naquela noite. <i>Saudades de Hugh, aquele maldito. Do senhor Zucko e a senhora Sheya. Saudades dos dias que se foram. Daqueles que se foram.</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Eles se foram cinco anos atrás. Zucko e Sheya, os Anciões Monarcas do Véu, e tantos amigos que morreram junto dos dois... Morreram na Guerra do Reino dos Homens contra as criaturas das trevas e alguns humanos que se juntaram a eles. Radinianos, espectros, demônios, homens, contra os humanos. Humanos mortais e os não mortais. Xófeus não queria apenas dominar as terras onde governavam aqueles que detinham das sabedorias e ensinamentos antigos em magias. O senhor da morte (Ou Morte, como era chamado por alguns dos mais leais servos) queria tomar tudo, não para manter e governar. Mas para destruí-los e todos os que viviam lá. “Não há espaço para os fracos no meu reinado”, dissera Xófeus enquanto marchava junto de seu poderio para Além-Véu. <i>E Hugh...</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Hugh havia mudado de lado quando achou que as forças de Vertaro, Véu, Além-Véu, e algumas forças menores das ilhas que prestavam vassalagem a Vertaro e ao Véu seriam derrotadas: Além-Véu era um caso a parte... Suhsahna só tinha estado nas terras de Além uma única vez, nessa mesma guerra, cinco anos atrás... A Guerra Dos Cinco, era como ficou chamada pelos que sobreviveram, em homenagem aos que morreram pelo lado que venceu. Por Lerrino Goss Velir, que comandou Vertaro e morreu no Forte do Mar-Livre. Por Zucko e Sheya, que comandaram as forças do Véu até Fortaleza Kna'Ma'Ka, para fazer frente na oposição a Zirdul, Primeiro comandante e irmão de Xófeus, e sua tropa de humanos sob hipnose. Por Tenos, o menino de dezesseis anos que parou trezentos e alguns homens que atacavam Forte-Do-Báu, em Vertaro. E por Iggard, o senhor capitão de Além-Véu, que derrotou Xófeus e o aprisionou numa estátua no Véu.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Estimava-se que mais de trezentos mil morreram na Guerra Dos Cinco. E sobraram pouco mais de vinte mil vivos, dos que lutaram. Desses vinte mil, um quinto era do poderio de Xófeus, covardes que correram para se salvarem depois que seu mestre havia sido derrotado no Véu. <i>Eu estava lá, eu lutei ao lado de Iggard. Ele derrotou seu aprendiz, e morreu pela mão do irmão que não quis treinar.</i> Suhsahna não se recordava muito da batalha entre os dois, tudo o que viu foram lampejos, e tudo que ouviu foram gritos e maldições. Por fim, Iggard estava sobre seu aprendiz, que jazia deitado no chão. Todos pensavam que Xófeus estava morto, e a guerra acabada ali, mas o senhor capitão de Além-Véu iniciou um cântico antigo, na língua anciã que apenas aqueles que elevam seus conhecimentos em magia aos padrões dos deuses de Yurth'Hur conheciam. Era a língua dos deuses que ficavam Além da vida, Além de Tudo. O cântico era suave, tímido no começo, mas fazia Xófeus gritar e contorcer-se.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> </span><span style="background-color: white; color: #333333; line-height: 14px; white-space: pre-wrap;"><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Iggard estava brilhando em azul, lilás, verde, amarelo, vermelho, dourado e branco. Turquesa, anil, cobalto.</span></span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span>
<span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;"> A medida que o cântico avançava, Iggard parecia mais fraco e limitado, mas também Xófeus. O imenso homem tentou se levantar, mas suas pernas eram pedra. Mas, por fim, se levantou. Tentou falar, mas nenhuma voz saiu. Fechou os olhos e apontou para o mestre... E assim ficou. E assim esta até hoje. E que fique pra sempre assim.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> O senhor capitão de Além-Véu caiu no chão, dele saia fumaça branca e sem cheiro. Tinha parado de brilhar, tinha os olhos fechados e respirava ofegante. Luana, sua filha, e Suhsahna haviam saído do transe em que estava e começaram a correr em direção ao homem caído no chão, todo vestido em Amarelo, azul e vermelho. Então... <i>Eu tropecei. Um homem incrivelmente pequeno e vestido todo em cinza apareceu ao lado daquele que não quis o treinar.</i> <i>O irmão de Xófeus encostou a palma da mão na cabeça de Iggard. “O prazer é meu, Scurj de merda”. Uma mancha azul apareceu na testa do senhor capitão Scurj. O sujeito se foi, sugando toda a luminosidade perto dele e deixando apenas sombras. Desapareceu.</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Iggard Grufes Scurj. Esse é o nome que se encontrava no trigésimo segundo túmulo no topo do vulcão adormecido ao sul da Fortaleza da Nunca Noite. No topo desse vulcão haviam sido enterrados trinta e um senhores capitães que haviam nascido em Nunca Noite, e o ‘Capitão que se sacrificou’, que é como Iggard ficou conhecido, foi o trigésimo segundo.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> A mancha que o pequeno sujeito cinza, que mais tarde foi identificado por todos como Zirdul, deixou na testa do mestre de seu irmão começou a se espalhar pelo corpo. Teria sido tão cruel ver o maior herói da Guerra dos Cinco morrer lentamente que Locke, aprendiz de Zucko, matou o homem que o havia salvado, a pedido do próprio. “Não quero morrer lentamente, mate-me, Zucko”. <i>Ele o chamou de Zucko, mas Zucko morreu, esse é Locke...</i> E assim foi feito. Com um pequeno projétil lançado em direção ao peito já azul do homem que estava deitado numa mesa de pedra, e ali ele morreu sem sentir nada. <i>Ele vai finalmente vai se encontrar com os deuses. Os deuses com os quais fez contato ainda como mortal.</i> <i>Haegur Gurth. Haegur fo Jaerth. Servir aos deuses. Servir aos que o servem.</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> A essa altura, Hugh e os que sobraram do poderio de Kna’Ma’Ka haviam desaparecido. Ninguém havia sido encontrado na fortaleza e nem nas proximidades, e alguns dias depois as buscas pelo resto do poderio de Xófeus haviam parado porque alguns Radiniados estavam entrando em guerra civil. A guerra civil Radiniana havia começado porque alguns haviam apoiado Kna’Ma’Ka, mas alguns permaneceram por Vertaro. Os que lutavam por Vertaro estavam sendo massacrados quando a filha adotiva de Lerrino Goss Velir pôs-se em marcha em direção ás Ilhas de Radinia para conter a guerra civil, e os poucos que estavam vivos passaram a viver em Vertaro, ao longo dos treze fortes construídos pelos primeiros descendentes de Yurth’Hur, terras há muito esquecidas pelos homens e outros seres. Uma terra dos deuses. A filha adotiva de Velir, que não tinha o sangue do pai, mas suas atitudes, fora nomeada a primeira Senhora Capitã dos fortes de Vertado.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> No Véu, Suhsahna governava junto de outros doze mestres. <i>Substituir Zucko e Sheya era uma tarefa difícil, e eu me sentia fraca. Indiquei doze daqueles que cresceram juntos de mim. Irmãos em armas. Eu teria indicado Hugh, porém..</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Além-Véu estava por conta de Dalilah, que era a vice-capitã de Iggard. <i>Dalilah, das decisões ousadas.</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> O reino dos homens estava por conta de cinco guardiões. Ninguém sabia quem eles eram, nem de onde vinham, nem mesmo se eram humanos. Eram guardiões, e isso era tudo. Esses cinco não tomaram parte na Guerra dos Cinco, embora já tivessem tomado parte em outras guerras, mais antigas. E eram outros guardiões. Suhsahna sonhava em ser uma guardiã, para que pudesse ver o reino dos homens mortais...</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Parou de divagar porque a janela de seu quarto, na torre sul do Castelo do Intocado, tinha se aberto. Um vento mais forte que o comum no Vale dos Rios Gugh, abriu a janela com força e levou até Suhsahna uma fria corrente de ar. Levantou-se, nua, e trancou as janelas. Vestiu suas roupas de baixo e por cima, um vestido de seda que havia ganhado de Zucko, há vários anos atrás. O vestido era longo, com cor de esmeralda e algumas esmeraldas bordadas ao vestido. Abriu a porta de seu quarto e desceu as escadas em espiral. <i>Um. Dois. Três. Quatro. Cinco...</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> Vinte.</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Desceu os vinte degraus da escada e viu-se no corredor que a levaria ao pátio de entrada do Castelo. A torre sul ficava fora do castelo em si, era uma construção a parte que já fora usada como prisão para alguns reféns importantes de guerra. O corredor era cumprido, e permitia passagem para, no máximo, três pessoas lado a lado. Fora construído assim, estreito, para que pudessem conter com facilidade qualquer ataque ou surtida.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Os treinados em magia que residiam no Véu eram treinados para serem soldados, curandeiros, telepatas, alquimistas e até professores, depois que concluíssem o treinamento. Suhsahna tinha habilidades em todas essas áreas. Mas gostava mesmo de ensinar, e era especialmente habilidosa em feitiços de cura e defensivos. Nunca gostou do ataque, ela sempre esperava que o oponente fizesse o primeiro movimento, para saber com o que estava lhe dando... Isso não funcionava com Locke. Se houve um guerreiro mais forte que Zucko no Véu, esse um era Locke. <i>Locke... Espero que ele volte logo. De onde quer que tenha ido.</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Continuou andando, quando chegou a saída do grande corredor...</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> ... E parou.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> O corpo de Hugh estava lá, pendurado numa árvore, bem no começo do pátio de entrada. Tinha uma adaga de aço negro cravada no peito. No coração. Estava claramente morto. Tinha o peito ensanguentado, mas fora isso, não tinha ferimentos. Os bonitos olhos de outrora estava fechados, seus finos lábios estavam secos e seu rosto bonito como sempre. Estava em paz. <i>Gurth. Gurth Girah. Gurth Morkah. Gurth Ratah.</i></span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Sim, senhora, que os Deuses o levem, o libertem e o acolham. – Suhsahna ouviu uma gargalhada aguda. Ela conhecia a porra da gargalhada.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Virou-se, para ver quem gerou aquela maldita gargalhada, fria como neve e cortante como mil adagas feitas do aço negro de Kna'Ma'Ka. E então, dormiu...</span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-14206017228911893032013-02-11T23:14:00.000-08:002013-02-15T13:59:42.829-08:00<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace; font-size: large;">Rascunho(mesmo) das terras de Além-Mar.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Além-Véu, com o castelo Solás-Véu e O Esplendor-do Sol(Um vulcão), também o porto-lar.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">O Véu, com os fortes: Pedregulho, Intocado, Forte-Laço. As três filhas de Shaya(montanhas). O primeiro porto na História(terras de Além-Mar). O Estradosul.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Rardina, terra dos Rardinianos e cenário da Guerra Civil dos mesmo.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">E Yurth-Hur, a Cidade Mãe. A Deusa.</span><br />
<a name='more'></a><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg88G4UqfO-biCpJCGLY8IQNrsLeKJtL73Lzf1Gw3lM6W7O50Oc9bYI4Jlxf40JsXyJ3PEYI0AG8U4nP1p1Rq_fOV3UgzCjYVV9_OhQgF73_U3lGeyzagCPk4jAnQPMCyq4rb1OQ8rrBNfp/s1600/2013-02-11+23.03.40.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg88G4UqfO-biCpJCGLY8IQNrsLeKJtL73Lzf1Gw3lM6W7O50Oc9bYI4Jlxf40JsXyJ3PEYI0AG8U4nP1p1Rq_fOV3UgzCjYVV9_OhQgF73_U3lGeyzagCPk4jAnQPMCyq4rb1OQ8rrBNfp/s1600/2013-02-11+23.03.40.jpg" height="320" width="240" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
Falta muito a ser feito, sim, como disse: É apenas um rascunho(mesmo). Um rascunho do rascunho. Logo venho com mais atualizações sobre a geográfica do continente. O nome do continente foi definido há alguns minutos atrás, enquanto eu escrevia um capitulo da Helena, provavelmente será o Helena - XI:</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i><b>Trovergo.</b></i></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-14721597133771543892013-02-11T18:34:00.000-08:002013-02-15T13:59:55.389-08:00Um pouco de História<span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Após a Guerra dos Cinco(Citada no capitulo Helena - I), foi criado um conselho com treze membros, com finalidade de evitar que guerras comecem e poder conte-las rapidamente caso comecem. O conselho, primeiro idealizado por Iggard(Também citado em Helena - I), foi criado por ele. Mesmo assim a Guerra aconteceu a quase não foi contida. Iggard acreditava que, se cada país, ilha, vale ou reino tivesse um representante, poderiam conversar e debater sobre os interesses de cada um e sempre encontrar um caminho pacífico.</span><br />
<a name='more'></a><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Lerrino Goss Velir representava Vertaro;</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Iggard representava Além-Véu;</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Xófeus representava Kna'Ma'Ka.</span><br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Outros dezesseis representavam outros países, ilhas, vales ou reinos no conselho. Ilha de Rardinia, palco da guerra civil Rardiniada, tinha um representante. Lorath, de Yurth'ur, era o representante dos Rardinianos: ele apoiou Xófeus na Guerra dos Cinco.</span><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Metade de Rardinia era prol a Vertaro. E a outra metade decidiu prestar vassalagem a Kna'Ma'Ka, cujo governante era Xófeus. E esse foi o motivo da Guerra civil Rardiniada, que foi contida com ajuda da, então, Senhora Capitã Helena Velir. Os sobreviventes passaram a viver em Vertaro e abandonaram Rardinia.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"></span>Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-75787535089585823232013-02-10T22:28:00.000-08:002013-02-15T14:00:07.078-08:00<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Helena - I<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> A mensagem havia chegado de um dos
enviados dos Fortes de Vertaro. Um pequeno pedaço de papel sujo, amassado e
rasgado. A mensagem, também pequena, dizia pouco e menos ainda, mas era o
suficiente pra fazer com que todos os habitantes dos Fortes e das proximidades
ficassem em alerta. Duas noites atrás, apareceu no portão do Forte que ficava
ao extremo sul. Forte do Mar-Livre, era chamado. Sabia-se lá como o andante
tinha chegado ali sem que nenhum sentinela ou guarda o tivesse avistado, mas lá
estava ele. Sangrando e ofegante e com o rosto todo marcado em azul, delirando
e falando algo sobre um homem que se vestia de cinza e levava seus inimigos á
insanidade com um estalar de dedos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> O nome do homem era Valerino, e isso
foi o máximo que conseguiram de informações sobre ele antes que morresse. O
azul no seu rosto começou a se espalhar, três horas depois da chegada do homem,
seu corpo todo estava azul e ele estava queimando em febre. Cinco horas depois
ele não conseguia mais falar, e pouco depois disso morreu. Nem os anciões em
cura e nem seus aprendizes foram capazes de salvar o pobre coitado. A causa de
morte não pôde ser definida, embora Helena pensasse que ele havia sido
envenenado. <i>Eu já vi homens sofrendo
desse jeito, já vi homens que julguei imortais morrerem envenenados.</i> Quando
abriram o corpo para os devidos preparativos para que fosse enterrado, foi
descoberto que o azul em seu rosto começou a atacar a parte interna do corpo. O
coração, pulmões, rins, fígado e até o sangue estava azul. Minutos depois,
acabaram em poeira.</span></div>
<a name='more'></a><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><o:p></o:p></span><br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Dentro de suas roupas, que não
haviam sido revistadas antes da morte do caminhante noturno – que é como Valerino
ficou conhecido nos rumores mais extravagantes que rondavam a região. –
encontraram o pedaço de papel amassado e sujo. Era frágil, como se tivesse mil
anos e mais ainda. A roupa foi enterrada junto com as cinzas do que outrora foi
um corpo. <i>Cada corpo enterrado aqui
guarnece nossos fortes. E toda proteção será necessária. </i>Quando o corpo foi
enterrado, perto do mar, o sol se punha e um suave vento vindo de noroeste
agitava as copas das árvores e deixava o clima agradável. Helena e dois de seus
guardas enterraram o corpo, perto do portão por onde ele tinha chegado.
Enterraram-no ao por do sol, porque acreditavam que o que se planta no por do
sol, é levado para longe. E o que se planta ao nascer do sol, é colhido. <i>Não precisamos de mais morte, </i>pensou
Helena, entristecida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> A essa altura, todos já sabiam o que
estava escrito na mensagem, e comentavam absurdos e mais absurdos. Era normal
ver duas ou mais pessoas conversando sobre o caminhante noturno, e falarem dele
como um presságio de morte e caos. Era normal ver grupos de pessoas comentando
sobre o pedaço de papel que ele trazia, e os rumores criados a partir de uma
única palavra eram tão grandiosos e insanos que Helena não duvidaria que dentre
todos eles algum teria uma pitada de verdade. De apenas um ‘preparem-se’,
criaram-se boatos de que demônios enviaram o caminhante como um campeão, e o
mataram lentamente para provar o poder que detinham. Outros diziam que uma
maldição fora lançada sobre o reino dos homens, para puni-los por terem magoado
algumas divindades. Os rumores que mais correram e também os menos absurdos,
eram os de que antigos inimigos ou amigos de outrora estavam se reerguendo e
buscando as terras e reinos que uma vez tiveram, ou para ajudar numa guerra que
logo chegaria.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Ouvia-se muito sobre os Radinianos,
que perderam seu continente na revolução Radiniana, a algumas centenas de anos
atrás. Também se falava sobre os que uma vez viveram nas terras sem trono, ao
extremo oeste de Vertaro, que foram massacrados numa guerra civil e os poucos
que sobraram se juntaram a Vertaro. Helena ouviu um vendedor de jóias dizendo
que todos estavam errados, e que eram os seguidores dos Anciões Monarcas de
Além-Véu que estavam retornando para prestar ajuda mais uma vez para
Vertaro e as outras terras do reino dos homens. A batalha dos Anciões Monarcas
era uma história que qualquer criança conhecia e adorava. Aconteceu quando as
criaturas das sombras e alguns humanos aliados decidiriam que era hora de tomar
o poder para eles e construir um mundo com suas próprias leis e costumes, os
humanos estavam quase perdendo a guerra quando os seres puros de </span><span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Além-Véu </span><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">chegaram com a aurora e fizeram parte na batalha, lutando pelos humanos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Helena estava lá quando aconteceu, e
ela se lembrava de ter derrotado alguns demônios e alguns mortais que tentavam
atacar o Forte do Mar-Livre. <i>Esse mesmo
mar, de onde veio o caminhante noturno.</i> Depois de uma quinzena de batalha,
as forças e as esperanças já minguavam, e na aurora do décimo sexto dia ela
pôde ver, pela janela de onde ela estava como sentinela, os de </span><span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Além-Véu </span><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">chegando aos milhares e mais ainda. Eles criaram um escudo, primeiro para
proteger as terras mortais e os que estavam lá, e depois fecharam um cerco de
luz prendendo vários dos inimigos ali num semicírculo, e os empurrando para o
mar. Morreram todos afogados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Um dos capitães dos que viviam em
Além-veu, Iggard, depois que terminou a batalha requisitou se reportar com o
capitão do Mar-Livre. Mas o capitão e mentor de Helena, Lerrino Goss Velir,
havia morrido em batalha. E foi então que a aprendiz de Velir havia sido eleita
capitã do Forte pelos que não haviam morrido em luta. Então ela pôs-se a ouvir
o que Iggard tinha a falar... Depois disso, tudo o que ela se lembrava era de
ter acordado no Forte à direita, Forte do Pedregulho. O capitão estava ao seu
lado quando ela acordou, e lhe contou que uma segunda onda de demônios e homens
que lutavam para as criaturas das sombras chegou de surpresa. Eles foram
neutralizados, mas o forte do qual Helena era capitã havia três meses e dois
dias estava semi-destruído. Tinha dormido por três meses, e quando acordou a
revolução tinha sido contida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Capitã Velir? – Ela ouviu a voz
como se ela viesse de outro tempo, apenas um sopro suave chamando por seu nome.
– Capitã. Devemos voltar ao forte. Em alguns minutos a patrulha começa, e as
sentinelas começam a guarda interna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> - Sim... Estive pensando em coisas
passadas. Vamos. – Ela seguiu em direção ao forte. Ninguém sabia quem eram o
pai ou mãe dela, mas ela ficava satisfeita em poder usar o nome de seu mentor
como sobrenome. Velir.</span><span style="font-family: Century, serif;"><o:p></o:p></span></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-52890094815618923412013-02-10T20:29:00.000-08:002013-11-03T16:42:43.336-08:00<br />
<div class="MsoNormal">
-><span style="font-family: 'Courier New', Courier, monospace;">Prefácio - Xófeus (I)</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Xófeus
olhava para o traidor. <i>Covarde, traiu-me,
e ainda ousa pedir clemência... Darei-lhe a misericórdia que quer. Vai ter a
morte, não há mais de sofrer. É mais do que merece, o filho da puta. </i>Tinha
o supercílio ensangüentado, um corte profundo abria-se desde começo de seu olho
direito, e ia quase até o começo do couro cabeludo. Perguntou-se se ele ainda
conseguia ver algo com aquele olho... <i>Ele
precisa ver como vai morrer, e o que lhe farei antes de lhe dar a misericórdia
da morte... Usou-me, então vou usá-lo. </i>O ar na sala mal iluminada era
gélido, as sombras projetadas pela fraca iluminação dançavam com graça, sempre
gostou do fogo, o fogo sempre gostou dele. Dois de seus seguidores seguravam
archotes, junto á única saída da sala. <i>Bem,
a única saída para aqueles que pretendem viver... Infelizmente, Hugh não vai
viver... Traiu-me. </i>Chamou um terceiro seguidor, levantou um pouco a cabeça,
e sussurrou-lhe ao ouvido. “Traga-os”. Voltou a contemplar o homem caído ao
chão, uma gargalhada subiu-lhe, de súbito. Não só tinha conseguido uma vitória
naquele dia, mas também conseguiu encontrar o traidor... Decerto ficou
descontente com a traição. O traidor era considerado ser seu seguidor mais fiel
até então, foi o homem que se manteve ao lado de Xófeus desde que sua prisão
foi quebrada. <i>Maldita prisão</i>. Não só
o ajudou logo depois de ter escapado, mas o ajudou a escapar... <i>E</i> <i>traiu-me.<br /><o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Mas o
que seria sua perdição caiu como uma pluma, o plano surgiu-lhe quando capturou
um grupo que tentava fugir de lá sem serem notados, eles eram cativos,
liderados por Hugh. Entre eles, a mulher e filha do traidor, que foram presas
junto de todos os outros que faziam tentativa de fugir. Não foram exatamente presos...
Aquelas pessoas foram seqüestradas enquanto dormiam, mas essa verdade era
limitada a poucos. – No mesmo dia em que escapou do lugar onde fora preso,
Xófeus, junto de outros três seguidores seqüestraram vinte e três dos guardiões,
aspirantes a guardiões, e até crianças de colo, e os levaram para o lugar onde
estava atualmente. – <i>Nunca achei que Hugh
pudesse agir com tanta frieza. Raptou mulher e filha, tratou-as como duas
mulheres desconhecidas, sem demonstrar afeto nenhum por elas, nem por nenhum
outro dos que foram seqüestrados. Atuou bem, Hugh Rartig... </i>Pensou Xófeus,
enquanto fitava o rosto sujo e ensangüentado que chegou a chamar de amigo. <i>Traiu-me.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Poupou
as duas mulheres e aquele que pensava ser seu amigo. <i>Fui descuidado, não voltará a acontecer... A essa hora eu poderia estar
morto. E não posso morrer, não ainda. </i>O que pensava ser seu mais fiel
seguidor não passava de um peão que não soube se vender. Era certo que tinha
talento e habilidades fora do normal. <i>O
filho da puta poderia ser páreo para mim, nessa forma inferior.</i> Tinha
servido bem, e por quatro anos e alguns meses fez seu trabalho tão bem que
ninguém percebeu que era um traidor. <i>Traiu-me!</i></span><br />
<a name='more'></a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>Levantou de sua cadeira, uma
cadeira simples feita de pedra cinzenta e velha. Tinha rachaduras e fissuras,
poderia ter dois, ou três milênios. E com isso poderia dizer que o local que
tinham encontrado era realmente velho, não deixando de ser um bom lugar para
uma... <i>Esse lugar agrada-me, quase posso
chamá-lo de casa</i>. Hugh o tinha mostrado, conhecia-o tão bem como conhecia
os segredos de seu <i>mestre</i>.
Segredou-lhe tudo o que tinha: suas intenções, seus planos, seus desejos. <i>Não se pode confiar em ninguém, não é mesmo?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i> Olhou novamente Hugh. Seu corte havia
inflamado, deu uma volta em torno dele e percebeu que lhe faltava uma orelha.
Os machucados estavam em carne viva e fediam... Xoféus agarrou-lhe o pescoço, levantou
por alguns trinta centímetros do chão e curou seus ferimentos. </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Hugh
tentou resistir junto dos que conseguiram lutar, morreram todos. Rartig foi o
último a se dar por derrotado, lutando até mesmo depois de ser desarmado. <i>Subestimei-o, e me apeguei demais a ele para
ter suspeitado de algo.</i> <i>Ele quase me matou. Percebo que Hugh sabe
jogar quando precisa. Atacou-me por trás, teria metido aquela porra de punhal
nas minhas costas se Clarisse não o tivesse parado.</i> Fitou os bonitos olhos
cinzentos do jovem homem... Nunca tinha realmente reparado nas suas feições, tinha
um rosto sério e marcante, quase carrancudo, mas não deixava de ser bonito. Era
pálido, e tinha cabelos castanhos, um nariz pontudo e lábios finos. <i>É bonito. Luta bem e é bonito, além de ser
inteligente... Uma pena.</i> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Viu a
luz de um terceiro archote adentrar a ampla sala, junto de um quarto archote.
As duas mulheres que haviam sido poupadas foram trazidas, com mãos atadas ás
costas, á sala. Foram jogadas no chão com violência... Pensou em repreender
seus servos por isso. Mas não o fez. <i>A
hora pra violência está chegando. Mas não ainda, preciso delas vivas... Por
mais alguns minutos. </i>Tinha a impressão de que não iria tirar informações de
Hugh. Torturar-lhe não funcionou, ele tinha coragem e era fiel. <i>Não fiel a mim, mas fiel...</i> <i>Vamos ver como vai agir quando eu torturar
suas mulher e filha. </i>Aliviou a pressão no pescoço do homem que segurava,
colocando-o no chão, virou-se, para a parede, de modo que ficasse de costas
para seus seguidores e seus prisioneiros. Começou a falar:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> -
Hugh... Pretendo te matar. Lentamente, não antes de te torturar novamente,
quero vê-lo sofrer. Não pretendo matar sua mulher, e nem sua filha. Não pretendo
nem torturá-las. Podem viver como servas. – <i>Escravas.
– </i>Não pretendia te machucar... Foi um bom servo. Um lazarento de um traidor,
sim. Mas serviu-me bem. Usei-o... E ainda tenho planos pra você. É triste eu
ter que te matar. Ainda vai ter sua utilidade. – <i>Traiu-me.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><i> </i>- Não vou lhe dizer nada. E
tenho certeza que elas preferem morrer a trair-me, ou trair-<i>nos</i>. Traidores merecem morrer. Mate-me.
Poupe-me desse circo. Mate-me logo. – Suas mulher e filha nada diziam. Eram
estátuas, paralisadas não por um feitiço, mas pelo medo. O medo... Que era tão
amigo do homem demasiadamente grande e pálido com quem Hugh falava, Xófeus era
íntimo ao medo, dominava-o e o dobrava a sua vontade. – Vou morrer com honra,
servindo ao que sempre acreditei.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Numa
coisa eles concordaram: ele iria morrer. <i>Traiu-me.</i></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Lembrou-se
do tempo que passou aprisionado... Preferia morrer a ter que enfrentar
novamente suas correntes. Não morreria com honra, mas morreria, seria poupado
do sofrimento. Foi capricho de seu mentor fazê-lo fraco o suficiente para não
escapar, e forte o suficiente para não morrer. <i>Ele dizia-se totalmente bom. Condenou-me a não sei quantos anos dentro
daquela porra de jaula. Prefiro estar morto a estar aprisionado. </i>No
entanto, sobreviveu, sabe-se lá como. Não tinha motivações que o fizessem ser
forte, apenas um sentimento de remorso e fracasso. Mas a vontade de vingança
insistia em agarrar-lhe, e puxar para a borda daquele oceano de dor, não fosse
pelo desejo de vingança, teria se afogado. Estaria morto. A morte era um
assunto que o intrigava, não tinha medo da morte e a aceitava bem. Devaneou
novamente sobre seu tempo aprisionado. <i>Nunca
mais ficarei preso, terei o cuidado de me matar antes.</i> Fez esse juramento
ainda ao estar aprisionado... O rosto de Hugh Rartig entrou em foco novamente,
como aconteceu quando imergiu de seu calabouço. Fitou-o, ainda se demorando nos
devaneios, e então voltou a falar:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">- Não se morre com honra. – Disse
Xófeus, sacando um punhal e cravando numa das mãos da esposa de Hugh, ela
gritou de dor. O gritou tomou conta da sala. Xófeus riu. – Mas se vive com
honra. Creio que não vá deixar sua mulher, uma pessoa inocente, sofrer...
Diga-me. Quem é a maldita criança?!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Dizia-se que a criança viria para
pôr uma ordem ao mundo, fazê-lo crescer. E prosperar... <i>Eu sou o responsável pelo futuro de todos. Chegará um tempo em que
colocarão suas esperanças em mim. Irão me idolatrar como um deus, não como um
mortal. Fui mais ousado que Zucko. Desafiei-o e iria derrotá-lo não fosse por
aquele bastardo nojento. Locke ‘Sem nome’, o bastardo. </i>Ainda se lembrava de
como aconteceu... Estava pronto para lançar o projétil em Zucko, iria o acertar
em cheio. Sem nada que o defendesse. Então adormeceu... Novamente voltou ao presente, os pensamentos que iam e
vinham por sua cabeça nunca o deixavam em paz. Eram raríssimos os dias em que
não caia sem querer numa antiga lembrança ou sonhava com elas. Xófeus atribuía à
culpa de seu fracasso ao fato de não saber controlar suas emoções... <i>Emoções são coisas mortais. Preciso me
livrar disso, minha raiva fodeu-me uma vez, não acontecerá novamente.</i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Ser chamado mortal o incomodava
acima de tudo. Era mais sábio e inteligente que os outros, mais ousado.
Porém... Seu devaneio foi interrompido pela voz que há muito conhecia.
‘Acorde’, ouviu, então retornou á sala, vislumbrou o rosto daquele que o
acordou tempos atrás...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">- Prefiro morrer á entregar a
criança. Fiz um juramento. Não a terá, nunca a terá. Sei que vai me matar,
todos nessa sala sabem. Eu e minha família servimos bem aos nossos caminhos. –
Xófeus o amaldiçoou em silêncio. <i>Bonito,
talentoso e inteligente. Demasiado inteligente. E ainda assim burro... Se
realmente fosse inteligente, não teria me traído. Traiu-me. </i>– Eu lhe pediria uma morte rápida, mas não
acho que terei essa piedade de você, senhor... Então...<br />
Hugh levantou-se, e pegou
o punhal que estava cravado numa das mãos da mulher, não chegou a ouvir o grito
de dor de sua esposa. Ou ela não havia gritado. Xófeus o tentou impedir sem
sucesso. <i>Maldito!</i> Num rápido
movimento, cravou o punhal em seu peito, e caiu morto no chão... A ira de Xófeus
foi responsável pelas outras seis mortes. Não viu nada, não ouviu nada, não
tentou impedir sua raiva... Sua raiva mais uma vez o teria traído. <i>Trai a mim mesmo... Minhas emoções mais uma
vez me foderam. <o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<i><span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">E Hugh, afinal, morreu com honra...</span><o:p></o:p></i></div>
Anonymoushttp://www.blogger.com/profile/14560826158528270426noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8702954241735294960.post-60578877714780789302013-02-10T20:25:00.000-08:002013-02-10T15:25:56.894-08:00<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;">Considerações iniciais:</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> Antes
de iniciar a leitura, devo informar-lhes que os capítulos não são lineares. O
Prefácio, por exemplo, é sucessor de alguns capítulos do livro em questão.
Assim sendo, é preciso atenção na leitura, e uma boa dedução do leitor para
associar o que esta acontecendo e quando esta acontecendo. Também é válido
acrescentar que a história é narrada em vários pontos de vista, dando um melhor
entendimento da mesma. E, além disso, demonstra como aconteceu a história para <i>cada personagem</i>. Não gosto de usar um
único narrador onisciente, porque a história não é a mesma em todos os pontos
de vista, e o entendimento também difere de personagem para personagem. Uma
mesma escolha pode ser julgada certa ou errada, depende apenas de quem a julga,
e como a julga.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> E tento
fazer com que quem lê crie uma opinião própria no que acontece, e que não sejam
apenas leitores, mas que também tentem entender o que motiva cada personagem a
agir do jeito que agem.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Courier New, Courier, monospace;"> E, por
último, mas não menos importante, não existe nenhum personagem totalmente bom.
Nem nenhum personagem totalmente mau. Tento retratar ao máximo a realidade. Personagens fazem escolhas de acordo com a situação em que se
encontram, julgando em seus próprios valores o que <i>acham</i> certo ou errado. Não existe nada totalmente preto. Nem nada
totalmente branco. Existe um grande degrade entre os dois extremos.</span></div>
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